terça-feira, 14 de outubro de 2014

ORGANIZAÇÃO SOCIAL NA ANTIGA ISRAEL



RESUMO
Este Paper trata da organização social da Antiga Israel. Onde serão apresentados em pequenos comentários, assuntos como: cultura, educação, casamento, política, arte e lazer. Assuntos estes que nos chamam muito a atenção pela importância dessa nação no contexto bíblico. Principalmente quando se trata de um povo que foi eleito por Deus para seu serviço, através do qual o Senhor tem ofertado a todas as nações uma grande possibilidade de salvação.
Palavras-chave: Israel; povo; nação.

1 INTRODUÇÃO
            Ao longo da história, muito se tem estudado sobre o povo de Israel, principalmente porque todo o contexto bíblico está ligado de forma direta ou indireta a essa nação. E uma das maiores curiosidades que permeia a mente de muitos estudiosos e curiosos é, como vivia essa nação? Como era a organização social desse povo? A vida educacional, como eles aprendiam e evoluíam? Suas políticas sociais, como eles se relacionavam com os povos vizinhos? E quanto à arte, o lazer, será que isso também fazia parte dessa comunidade? Isso e mais algumas coisas serão visto nesse pequeno artigo, de forma simples e sintetizada para uma melhor compreensão.
2 CULTURA
            Normalmente a cultura de um povo é incutida em cada pessoa a partir da infância. Seja a partir da família que nasce ou até mesmo pela qual foi adotado. Mesmo sem perceber, o processo de aculturação acontece e continua à medida que a pessoa é exposta ao meio ambiente, ao compartilhamento de amizades, a educação formal ou religiosa, entre muitos outros elementos que influenciam de forma natural todos que estão inseridos nessa sociedade. Daí alguns teóricos argumentarem que o homem é o produto do meio em que vive.
            A palavra “cultura” em si, nos leva a idéia, de costume, habilidades, artes de um grupo específico de pessoas em uma determinada época. E nessa época, o povo de Israel era tão influenciado pelas culturas quanto somos pela nossa de hoje em dia. Por conta disso, que muitos termos e conceitos da bíblia podem ser bem pouco familiar para muitos nos dias de hoje (ELWELL, 1995).
3 EDUCAÇÃO
             A educação sempre foi uma questão de grande importância entre o povo de Israel, desde a infância a criança era ensinada e levada a compreender a relação especial do povo com Deus e a importância de servir ao Senhor. E este conhecimento ajudava a sustentar o ideal de toda pátria, principalmente nos momentos mais difíceis, como no período de cativeiro e exílio por exemplo.  E como a criança normalmente era ensinada pela família, sua compreensão da fé era enriquecida pelas práticas familiares, principalmente refeições ligadas á festa religiosas como a Páscoa. Já em tempos mais recentes, as escolas elementares já eram implantadas pela comunidade, normalmente em sinagogas ou nas casas dos professores.
4 CASAMENTO
            O casamento não era exatamente como se conhece hoje, formal e como um sacramento, mas era simplesmente uma troca de votos entre a noiva e o noivo, como resultado de uma negociação entre os pais de ambos. Nessa época existiam pessoas na sociedade que se casavam e tinham uma só mulher, mas não eram de se estranhar que muitos também tinham duas mulheres, uma ou mais concubinas. Como o próprio rei Davi, Herodes que possuía nove mulheres e Salomão que possuiu mais de setecentas mulheres.
            Normalmente os casamentos eram arranjados com parentes próximos ou com membros do clã ou da tribo. E uma das formas de se tentar manter a monogamia, era o preço que se pagava por uma noiva, que não era assim tão barato e poucos homens podiam pagar uma soma tão alta mais de uma vez. O preço da noiva era um valor pago ao pai dela para compensar a perda do trabalho da filha no lar ou nos campos (TENNEY, 1988).
5 POLÍTICA
Em todos os tempos houve interação comercial e políticas entre um povo e sua vizinhança. E com Israel não foi diferente, onde a política e os assuntos das cidades-estados influenciavam diretamente a vida e as atividades de todos os cidadãos. Em geral, a política naquela época, consistia em dirigir bem ou mal os assuntos relativos ás cidades para evitar que fossem conquistadas pelos vizinhos.
Normalmente os reis tomavam as decisões sozinhos, independente da vontade do povo e qualquer faraó podia resolver invadir uma determinada região apenas para firmar o seu poder.  Em uma situação Israel lutava contra a Síria, quando os assírios resolveram atacar para destruir os dois exércitos, imediatamente Israel e Síria entraram em acordo político e se uniram para derrotar os assírios. Esse é apenas um exemplo do tipo de negociação e atuação política na antiga Israel (FILLION, 2003).
6 ARTE E LAZER
            Em Israel, umas das artes mais desenvolvidas era a literatura, e isso se pode ver através dos escritos bíblicos em hebraico e grego, deixados e existentes até hoje. E uma das práticas muito comum e que ajudava muito na questão do aprendizado da literatura era a memorização dos provérbios. Quanto ao lazer, uma das formas mais comum era o uso de danças, cantos e aprendizagem de instrumentos musicais, onde os instrumentos musicais mais populares era a flauta e a lira. Enquanto que a dança, era praticada entre homens e mulheres em grupos separados, e isso tudo, formava uma parte integrante da vida social e da função religiosa dos israelitas.
7 CONCLUSÃO
            O que se pode observar nesse contexto social, é que embora essa civilização assim como outras possam ser muito antigas, se assemelham em muito ao contexto social dos dias atuais. Sempre será necessária uma organização política para lidar com as questões sociais, cuidar da educação, organizar as vidas conjugais e até mesmo se deter em questões como arte e lazer. Porque como já foi comentado, mudam-se os tempos e as civilizações, mas o ser humano continua o mesmo, necessitando sempre de uma vida comum de compartilhamento em sociedade.
8 REFERÊNCIAS
ELWELL, Walter. Manual bíblico do Estudante. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
FILLION, Louis-Claudio. Enciclopédia popular de cultura bíblica. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2003.
TENNEY, Merril C, et al. Vida cotidiana dos tempos bíblicos. 3 ed. Miami, Flórida: Vida, 1988.

Por: Joelsam

FAMÍLIA NO ANTIGO ISRAEL



RESUMO
Apesar dos filhos receberem o seu nome pela mãe, em algum momento da história de israel, na verdade, a sociedade era patriarcal. As mulheres eram consideradas inferiores, mas às mães cabia a educação dos filhos. O homem casava com diversas esposas além de Possuir concubinas. Os filhos  eram considerados bênçãos. Aos pais era confiada a tarefa de ensinar a tradição religiosa e a profissão aos filhos homens.
Palavras-chave: Israel; filhos; familia.

1 INTRODUÇÃO
            Para nos localizarmos corretamente no tema da família no Antigo Testamento, temos que considerar alguns aspectos que são fundamentais nesta transposição cultural e histórica. Uma destas “distâncias” se refere ao contexto histórico onde Israel estava inserido. Um outro elemento é o fato de que o Antigo Testamento é um conjunto literário escrito numa larga margem de tempo, o que determina diferentes modos de vida familiar.
Por outro lado, estamos tecendo algumas considerações, apenas. Não é nossa pretensão aprofundar demais o assunto, mesmo porque dentro da linha editorial desta publicação, isto ficaria pedante. Um outro elemento que precisa ser levado em consideração ainda, é o limite de espaço. Para se aprofundar este tipo de tema seria necessário construir uma dissertação bastante volumosa. Contudo, o propósito desta publicação é provocar o leitor dentro de alguns temas e dentro deste propósito apresentar a nossa “provocação”.
2 PATRIARCADO OU MATRIARCADO
            Muitos estudos realizados sobre a vida social do israelita primitivo, 1800-1030 a.C. dão-nos conta que há fortes indícios da presença do matriarcado na sociedade de Israel. Se levarmos em consideração textos como Gn 29.31-35; 30.18-21; 35.16-18a, percebemos que a tarefa de nominar os filhos cabia à mãe.
Vejamos que a diferença entre o patriarcado e o matriarcado não se estabelece pelo exercício do poder no seio da família, mas pelo membro do casal por onde passava a hereditariedade. Povos primitivos contemporâneos de Israel, que adotavam o matriarcado, consideravam “parentes” os familiares da mãe. É bem verdade que nas sociedades primitivas, o matriarcado era uma característica de civilizações de pequenas lavouras enquanto que o patriarcado era característico das civilizações pastoris.
A tarefa de dar nomes aos(às) filhos(as), juntamente com outros detalhes que não cabem aqui esmiuçar, é um indício muito forte de que em Israel predominava o matriarcado, pelo menos nalgum período de sua história. (DE VAUX, 1964, p.49). Contudo, não podemos fechar os olhos para o conceito de  bet’ab (a casa patena) nem para as imensas listas genealógicas, cuja linha de sucessão passava pelo pai e rara-mente incluía as mães.
3 AS FAMÍLIAS DE ISRAEL
             Temos que considerar que o termo bet’ab, do hebraico, se refere a um tipo de família que envolve muito mais gente do que estamos [Edição original página 11/12] acostumados a pensar. Estão incluídos nesta casa paterna, os filhos casados e suas esposas e filhos(as) bem como outros tipos de “agregados” como forasteiros que se achegavam em busca de proteção. Há momentos em que o Antigo Testa-mento admite que nesta bet’ab está incluído, também, um grupo bem maior de pessoas que podemos chamar de  mispahah. Em outros textos bet’ab chega a se referir a todo Israel.
Quando Neemias (7.4b) utiliza a expressão, “e as casas não estavam edificadas ainda” se referindo às famílias que ainda não estavam constituídas. A família gozava de um aporte de proteção dentro de um contexto so-cial maior, às vezes chamada de clã (mispahah- grande família). De forma especial no período chamado de “assentamento” na Palestina, a base social era a família, cujos la-ços consangüíneos eram fundamen-tais e objeto do legislador no que diz respeito à proteção.
Segundo THIEL (1993, p.82) a “fa-mília formava um grupo solidário. Oferecia a seus membros seguran-ça, proteção jurídica e sustento. Es-sa coesão estreita expressava-se também em relação a terceiros: a família era responsável coletiva-mente por erros cometidos por cada um de seus membros, especialmen-te pelo chefe da família”.
4 O PROTETOR
            A sociedade primitiva de Israel con-tinha um elemento significativo pa-ra a permanência do patrimônio em poder da família. Trata-se do go’el, em síntese, o protetor. Esta função está regulamentada no capitulo 25 de Levítico e que merece ser lido. Mais que o protetor, go’el era um resgatador de bens e pessoas para que a pobreza não tomasse contra dos(as) filhos(as) de Israel. Ele de-veria intervir no caso de um israeli-ta ser vendido por causa de dívidas.
Cabia-lhe o privilegio de comprá-lo. A história de Ruth ilustra muito bem o significado da função do go’el vis-to que além de resgatador de pro-priedade, Boáz se torna também aquele que cumpre o preceito do levirato - dar filhos ao morto que não deixou herdeiros. Alem de resgatador do patrimônio e propiciador de herdeiros ao faleci-do, ao  go’el também cabia o dever da vingança no caso de derrama-mento de sangue. Esta, sem duvi-da, era a função mais  espinhosa para o  go’el porque im-plicava matar quem houvesse ma-tado o seu protegido.
DE VAUX (1994, p.35) se refere a esta função com as seguintes pala-vras: “A obrigação mais grave do go’el  israelita era a  de assumir a vingança do sangue, no qual se descobre uma lei do deserto: o  târ dos árabes. O sangue de um paren-te deve ser vingado mediante a morte do assassino, ou na falta deste, com a morte de algum de seus familiares” (tradução minha).
5 O CASAMENTO
Uma coisa é a história, outra é a Teologia. Esta não vive sem a histó-ria e, se levarmos a reflexão a fun-do, descobriremos que a história sem a Teologia perde o sabor. Do ponto de vista teológico, o ca-samento (união entre homem e mulher) é um elemento indispensá-vel ao prosseguimento da raça hu-mana. (VON ALLMEN, 1972, p. 236). Quando o Antigo Testamento utiliza a expressão “Sedes fecun-dos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a...” (Gn 1.28), está fa-zendo uma alusão clara ao “casa-mento”.
Neste contexto não aparece com clareza a menção ao homem e à mulher. O versículo 27, que perten-ce à narrativa sacerdotal da cria-ção, só fala em ‘adam ( humanida-de). Entretanto, o que esta em debate é o casamento. E a união do homem e da mulher que  torna possível a procriação, é isso que se constitui no objetivo primordial deste texto. Numa outra perspectiva, o escritor javista, ao se referir ao casal hu-mano na narrativa da criação, per-cebe a profundidade da relação en-tre o homem e a mulher a tal ponto de considerá-los da mesma nature-za. LEON-DUFOUR (1972, col. 135) ex-plicita ainda mais  esta objetividade teológica do texto de Gn. ao afirmar que a “sexualidade encontra assim o seu sentido em traduzir na carne a unidade dos dois seres que Deus chama a ajudar-se mutuamente no amor recíproco”.
O curioso da narrativa javista do primeiro par humano é a forma co-mo ele entabula o desgaste que na-turalmente acontece entre o ho-mem e a mulher que se propõem a viver uma relação mais profunda. Sem debater aqui as implicações li-terárias e teológicas, o javista inse-re no texto bíblico o jogo de acusa-ções entre homem e mulher: “En-tão disse o homem (adam): a mulher (ha’ishah) que me deste por espo-sa, ela me deu da árvore, e eu co-mi.” (Gn 3.12). Israel vê na fecundidade um sinal indelével da benção de Yahweh so-bre o homem e a mulher. Neste contexto de visão, a esterilidade é encarada como ausência dessa
benção e motivo de outras preocu-pações para a família humana. Ali-ás, a esterilidade de uma mulher podia se constituir num elemento motivador para a carta de divórcio que somente podia ser emitida pelo marido. Em casos de infidelidade conjugal, por parte da mulher, esta era des-pedida em circunstâncias humilhan-tes (Os 2.5-7) quando não conde-nada à morte (Gn 38.24).
6  ESPOSAS E COMCUBINAS
            O Código de Hamurabi, contempo-râneo da era patriarcal e do qual Is-rael copiou muita coisa, declarava que um homem podia ter somente uma esposa. No caso desta ser es-téril, podia ter outra. Caso sua es-posa lhe oferecesse uma escrava para coabitar com ela, então o ma-rido deveria dispensar esta segunda esposa. Este parece ser o caso de Abraão diante da esterilidade de Sara (Gn 16.1-2).
Entretanto, como se pode perceber pelo prosseguimento da narrativa bíblica, este preceito não foi levado muito a sério. O exemplo mais sali-ente é o de Jacó que casou-se com Lia e Raquel, onde ambas tinham o mesmo status: esposa (Gn29). Ou-tro caso típico é o de Esaú que pos-suía três esposas ( Gn 26.34; 28.9; 36.1-5). Se caminharmos um pouco mais na historia, verificaremos que as res trições com relação ao numero de esposa desaparecem quando Israel entra no período dos Juizes e da Monarquia.
Nesta época mais tardia encontramos Gideão com muitas esposas (Jz 8.30-31). Já no conjun-to de leis casuísticas em Deutero-nômio, encontramos normativas a respeito da situação de varias espo-sas para um mesmo homem (Dt 21.15-17). Quando chegamos ao reinado va-mos encontrar verdadeiros haréns ao redor dos reis: Saul tinha pelo menos uma concubina (2Sm 3.7:12.18); Quando Davi estava em Hebron, isto é, no inicio de seu rei-nado, já possuía várias esposas (2Sm 3.2-5) e em Jerusalém con-traiu matrimônio com outras espo-sas e concubinas  (2Sm 5.13); Ro-boão teve dezoito esposas e cerca de sessenta concubinas (2Cr 11.21); entretanto, nenhum destes reis fez sombra ao fabuloso harém de Salomão – setecentas esposas e trezentas concubinas (1Rs 11.3).
A situação da mulher, no período de assentamento em Israel foi ligeira-mente prejudicada. Ela não gozava de grandes direitos no período an-terior. Entretanto, com o advento da propriedade da terra, a mulher ficou relegada a uma função quase que meramente doméstica, um pouco acima da condição social de um escravo. De qualquer maneira era considerada uma “propriedade” do homem (THIEL, 1993, p.82). Enquanto o homem tinha privilé-gios, a mulher estava obrigada a dividir seu espaço com outras mu-lheres, esposas do seu “marido” ou simplesmente concubinas.
7  FILHOS E FILHAS
O casamento, entre os israelitas, era uma festa marcada por muitos acontecimentos mas entre estes es-tavam os votos que todos faziam aos noivos, com a mais pura das in-tenções: “que vivam felizes para sempre e tenham muitos filhos e fi-lhas”. Ainda hoje, entre os beduínos da Palestina é possível encontrar nos umbrais das portas dos recém-casados, uma espiga carregada de grão onde cada um deles represen-ta um(a) filho(a) que o casal deseja ter.
No Israel antigo, ter muitos filhos e filhas significava ser abençoado ri-camente por Yahweh. Vejamos, por exemplo, a benção que Rebeca re-cebe ao se despedir de seus fami-liares: “És nossa irmã: sê tu a mãe de milhares de milhares, e que a tua descendência  possua a porta dos seus inimigos”. (Gn24. 60). Como já afirmamos, normalmente era a mãe quem dava o nome aos(às) seus(suas) filhos(as). Neste sentido temos vários textos que e-lucidam esta afirmativa. (Gn 29.31-30.24; 1 Sm 1.20).
É importante ressaltar que o nome definia a essência de cada coisa e isso se aplica às pessoas – o nome queria dizer o que se esperava, o sentido que se tinha daquela pes-soa que nascia. Com relação à educação, essa era tarefa da mãe que ministrava dire-tamente ou encomendava a alguma “pedagoga” para que educasse a criança nos primeiros tempos.
Depois os meninos se entrosavam na “turma da rua” ou das  praças onde passavam boa parte do tempo brincando/aprendendo (Jr 6.11; 9.20; Zc 8.5). Quando os meninos atingiam a pu-berdade eram confiados aos pais que tinham a responsabilidade de ministrar o ensaio sagrado que in-cluía o conhecimento da tradição, das prescrições rituais, da história do próprio povo de Israel, etc. (Ex. 10.2; 12.26; Dt 4.9). Fora este en-sino diretamente ligado à questão religiosa (se bem que em Israel quase tudo era religioso) havia um outro lado da educação que os pais também ficavam encarregados (Pv 1.8; 6.20).
Evidentemente que  isso se refere ao povo comum. Há uma classe de profissionais que possuía um nível de instrução bem mais aprimorado. Estes eram os escribas, ou pessoas que lidavam com administração, os secretários particulares e membros da classe dirigente. Isso não quer dizer que o conhecimento das Escri-turas estivesse limitado a esses es-pecialista das letras - um jovem de Sukkot pode dar por escrito a Gide-ão os nomes de todos os chefes de seu clã (Jz 8.14). Os mestres adotavam um método tradicional de ensino em que a for-ma oral era comumente pratica. O aluno era inquirido, recebia explica-ções, repetia as lições, fazia e res-pondia perguntas (Ex 13.8; Dt 6.7; Sl 78.3-4).
No Israel antigo não se conhece, do ponto de vista de registros, nenhu-ma escola destinada à educação das crianças. Todos estes ensina-mentos eram passados pelos pais aos filhos no seio da família, como também fazia parte das responsabi-lidades dos pais ensinarem uma profissão os filhos. Há um ditado rabínico que elucida bem esta responsabilidade: “Quem não ensina a seu filho um oficio útil, o cria para ser ladrão (DE VAUX, 1994, p.87).
Com relação ás meninas, a partir da puberdade, continuavam em com-panhia das mães e se dedicavam ao aprendizado das lides domésticas.
8 CONCLUSÃO
            O que se pode observar nesse contexto social, é que embora essa civilização assim como outras possam ser muito antigas, se assemelham em muito ao contexto social dos dias atuais. Sempre será necessária uma organização política para lidar com as questões sociais, cuidar da educação, organizar as vidas conjugais e até mesmo se deter em questões como arte e lazer. Porque como já foi comentado, mudam-se os tempos e as civilizações, mas o ser humano continua o mesmo, necessitando sempre de uma vida comum de compartilhamento em sociedade.
5 REFERÊNCIAS
ELWELL, Walter. Manual bíblico do Estudante. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
FILLION, Louis-Claudio. Enciclopédia popular de cultura bíblica. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2003.
TENNEY, Merril C et al. Vida cotidiana dos tempos bíblicos. 3 ed. Miami, Flórida: Vida, 1988.

Por: Joelsam

CRIAÇÃO REDIMIDA



INTRODUÇÃO
            Os cristãos, por muito tempo falharam em compreender o que a Bíblia realmente ensina sobre a natureza e sobre nossa responsabilidade em relação a ela. Para isso não há desculpas, o arrependimento deve ser a nossa primeira resposta. A segunda resposta deve ser então corrigir os erros do nosso falho entendimento e agir de modo coerente. Devemos conhecer o que se pode conhecer da vontade de Deus sobre a natureza e agir baseados nesse conhecimento.
            Para isso, este livro é um excelente ponto de partida. Apesar de os autores não afirmarem em momento algum que são teólogos, eles captaram o espírito das intenções de Deus quanto à natureza muito melhor do que muitos, senão a maioria, dos teólogos profissionais. Por todo o livro, uma combinação de estilo e conteúdo conduz o leitor não somente à compreensão da natureza, mas à adoração do seu Criador.
           



PREFÁCIL
            “Ao senhor pertence à terra e tudo o que nela se contém, escreveu o salmista” (Sl 24.1). “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Sl 19.1).
            O objetivo deste livro é revelar a alegria e a beleza do mundo à nossa volta, com as legítimas responsabilidades da humanidade em relação ao seu cuidado, por uma compreensão de quem Deus é para nós como Criador, do mundo como sua criação e do que nós humanos representamos como seres criados à sua imagem.
            Nos últimos anos muitos livros têm sido escritos sobre a relação entre ecologia e cristianismo. Lemos ainda livros escritos exclusivamente para pessoas comuns, que simplificaram tanto a fé cristã e a ecologia que tornaram sua ligação supérflua. No outro extremo, analisamos obras de grande conteúdo intelectual que, infelizmente, dirigiam-se tão-somente a um pequeno círculo de estudiosos especializados.
            E por observar que ainda há muitas lacunas em relação a esse assunto, que esse livro foi escrito, tentando não superficializar o assunto como os programas de TV, nem escrever um relatório de pesquisa, mas oferecer uma história, mostrando uma verdade teológica como uma realidade viva e praticada.



1
  UMA CRIAÇÃO EM CRISE
            Segundo a reflexão do autor e a doninha, os pontos de vistas sobre a administração e a extração de recursos se cruzaram em direção a um mesmo olhar. Atualmente, nosso planeta enfrenta uma crise ambiental perturbada pelas sempre crescente exigências e mudanças de sua população humana. Ironicamente é essa mesma humanidade que Deus planejou para cuidar da terra, não para destruí-la.

            A bíblia fornece instruções claras e de princípios, com uma visão poderosa do que a criação de Deus significa para ele e o que deveria significar para nós. O enfoque deste livro se baseia na verdade de que “O Senhor fez a terra pelo seu poder; estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus” (Jr 10.12).

            Assim como Moisés tirou as sandálias para pisar no deserto, será que Deus também não está hoje aqui e, portanto deveríamos também tirar as sandálias de nossos pés? Como responsáveis para cuidar dessa linda e complexa criação. Deus ainda é o sustentador dessa terra e sempre se interessa pela sua criação. Todos os dias acontecem mudanças em nosso meio ambiente, mudanças estas que afetarão drasticamente o modo como vivemos.

            Uma informação muito importante a se observar, é que há vinte anos, a preocupação com o meio ambiente era mais popular de que hoje. Os anos 70 foram chamados de a “década do meio ambiente”, houve até mesmo um surto de legislação ambiental em todo mundo, tamanha era a preocupação mundial com um sentimento de que “podemos salvar o mundo”.

            Porém, cobertura de mídia mais ampla e maior conscientização popular, não significam necessariamente mudanças reais ou soluções duráveis. Hoje, depois de vários anos de crescimento, muitas organizações ambientais estão enfrentando um declínio no seu número de associados. O público está saturado, e em certa extensão dessensibilizado com a amplitude da crise ambiental. Hoje a cada dia aumenta o consumo e a poluição causados pelo homem, e o que fazer com os nossos próprios subprodutos pessoais e industriais? A população já ultrapassa os seis bilhões de habitantes em crescimento contínuo e sem previsão de estabilização até atingir quem sabe os catorze bilhões.    
2
DEUS, O CRIADOR
            Nenhuma cultura existiu sem sua história de criação, mas nenhuma pôde conceber uma criação ex nihilo, a partir do nada. Por isso as quatro palavras mais impactantes são: “No princípio, criou Deus”. Nem nos antigos mitos de Enuma Elish Marduque aparece como criador de verdade, apenas como artífice que constrói um instrumento para seu próprio uso, porque o cosmo em Enuma Elish já existia antes dos deuses, e eles são apenas seu produto.

            Ainda outros mitos existiram como os da mesopotâmia, onde os deuses já vivam em uma sociedade organizada entre os deuses administradores e os deuses menores que faziam o trabalho pesado, onde os quais se rebelaram, e como uma providência para solução dessa revolta, a deusa Mami é designada para criar seres humanos.

            No final, há uma guerra civil, e um deus, Zeus, emerge vitorioso, matando ou banindo os inimigos e recompensando os aliados. Diferente das outras mitologias, a mitologia grega não tenta se responsabilizar pela raça humana, ele é tido como preexistente. Apesar de suas diferenças, a explanação babilônicas mesopotâmicas e grega da criação e do lugar da humanidade dentro dela tem muito em comum, mas diferenças cruciais em relação ao registro de gênesis. Enquanto os mitos apresentam os homens desprezados pelos deuses, o Gênesis diz que o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus. Dizem também que o mundo e a criação é um acidente, o Gênesis afirma que Deus considera a criação muito boa e os abençoa.

            Na revelação radical, diz-se que Deus é transcendente, e que ele não é da mesma natureza de sua criação, e não acrescenta ou subtrai algo de si próprio para criá-la e que Ele é o único Deus eterno e preexistente. Deus não é apenas alguém que cria e então sustenta, mas também é alguém que irá um dia redimir e aperfeiçoar. A morte de Cristo não mudará apenas a mim e a você, mas todo o cosmos em que vivemos. O que mais se destaca na visão hebraica da natureza é a habilidade de ver uma coisa criada e alegrar-se sem vergonha ou constrangimento sobre sua beleza e mistério.

            Devido o ensino universitário ser fragmentado e desconexo, cria indivíduos que são também fragmentados. Por isso, a universidade cristã deve começar a ensinar não uma ciência melhor que imita e compete com as outras, mas uma ciência diferente, que ensine os estudantes a celebrarem a criação e não a meramente a mensurarem.
           
3
 O VALOR DA CRIAÇÃO
              Nas obras da criação, a revelação de Deus está sempre e em qualquer lugar disponível para ser vista e compreendida pelos homens (Rm 1:18-22).  A criação pode fornecer exemplos poderosos do que as escrituras ensinam apenas como conceito. Assim a criação não pode fazer revelações sobre as escrituras, mas a revelação coerente que as escrituras fazem da criação é que ela é boa (Gn 1). Esse é o ponto fundamental da palavra de Deus sobre a sua obra.

            Uma questão muito interessante de se observar é o paradoxo tucson, onde o autor comenta que nessa cidade até se tentou fazer algo para evitar o caos, no entanto, caíram no mesmo erro de toda humanidade.  Preserva-se, mas não se economiza não se poupa o recurso disponível, levando toda a humanidade a um mesmo fim trágico. E quando se preserva ou se economiza algo, não é pelo bem do recurso, mas pensando no bem do homem.

            A acomodação do homem pelo meio ambiente em que ele vive é tão grande, que hoje ele está se adaptando e convivendo com a degradação da natureza como se fosse uma coisa normal. O mundo está em um beco sem saída, principalmente por não valorizar devidamente a criação, e isso demonstra que o verdadeiro valor nunca chegou ao coração do homem.

            Muito já se falou da boa criação de Deus e que deve ser preservada, não da maneira que está se fazendo hoje em muitos lugares, valorizando mais a natureza e menosprezando a vida humana. E não importa se o que Deus fez é útil para nós ou não, porque se ele fez foi com algum propósito.

 Como pode se vir no inicio da criação quando o homem sabia e tinha intimidade com todos os animais ao ponde de nomeá-los, até o momento da queda quando ele perdeu esse íntimo relacionamento e tornou um agente de maldição.


4
 DO PÓ DA TERRA
            Do pó da terra formou Deus o homem. Homem e a natureza é tão ligado que está ligado de forma física e espiritual, onde no mundo, bem como na floresta, a morte de uma geração é a vida da próxima. Reconhecendo nossa atitude, reconhecemos nossa conexão com a criação em um criador comum.
            Até mesmo os elementos químicos, identidade genética, nosso DNA, contem os mesmo elementos de todas as outras criaturas. Muitas dimensões de nossa existência não terminam com a morte, mas nossa vida física é conectada do início ao fim através do solo da terra. É por causa da graça divina que a criação existe e continua a existir, Deus não precisava ter criado nada, mas o fez pela sua infinita graça.
            Tendo como verdade que toda criação partilha do shalom de Deus, o tema central da história bíblica do mundo na bíblia é que toda a criação é uma, vivendo em harmonia e segurança para a alegria e bem-estar de todas as criaturas. No entanto, com o pecado do homem teve influência em toda a humanidade, enquanto o homem não reconhecer a sua parcela de culpa nisso, todas as implicações disso devem continuar.
            Alteração severa e permanente da terra é a regra de nossa era. Isaías (Is 24:5) afirma que a terra está contaminada porque o homem transgride a lei de Deus. Quando Deus não mandou Noé construir a arca somente para preservar a família dele, mas para preservar a criação. Daí a importância do sábado de descanso do Senhor, onde ele não cria nada, não destrói nada mas aprecia a generosidade da terra. Mostrando-nos um conceito de sábado muito mais abrangente.
            As conseqüências da queda do homem trouxeram quatro grandes separações: a separação dos seres humanos de Deus, a separação dos seres humanos entre si, separa do homem com sigo mesmo e separação do homem da criação. E é exatamente essa ultima separação que nos preocupa aqui nesse contexto.
5
ALIANÇA E REDENÇÃO
            É neste mundo, de uma criação de maldição e promessa que Deus estabeleceu sua aliança. E a chamada aliança de Noé é mais adequadamente chamada de aliança da criação. Porque Deus não fez uma promessa apenas com Noé, mas com toda a criação, e a compreensão dessa aliança é de interesse mais do que histórico e teológico, mas do valor autêntico da vida que Deus colocou no mundo.
            Deus não estava preocupado apenas com as pessoas, mas também com a terra que havia dado ao seu povo como herança. Deus fez repetidas advertências ao seu povo contra o abuso da terra por meio de seus profetas. Com certeza a tragédia do exílio veio sobre Israel por muitas razões, ma é digno de nota que a única razão dada para essa passagem foi o abuso da terra feito por Israel.
            Portanto, existe uma necessidade de redenção. A palavra de Deus permanece atual porque os seres humanos permanecem os mesmos, desesperadamente carentes de redenção. E atualmente nosso mal nos separa não apenas de Deus, mas também do mundo ao nosso redor, principalmente pela quebra de aliança que se pratica na cultura moderna.
            Devemos entender a lógica da aliança de Deus antes de podermos começar a ver qualquer sentido na lógica da história. Os humanos continuam a ser dominados e controlados pela maldade, em si mesmo e em relação à criação. O resultado é morte para ambos. Sem redenção, a escravidão ao mal continuaria, e assim um ciclo interminável de morte e juízo. No entanto, pela morte e ressurreição de Cristo, ele removeu a penalidade do pecado humano, que é a morte, para nós e para a criação.
            Quando o homem põe a sua confiança no Senhor e passa a viver sob a sua autoridade, tem inicio a história da redenção, e o agente de transformação é o Espírito Santo, e é quando o homem deixa de quer ser bom para ser uma nova criatura. O lugar da criação na redenção é um aspecto pertinente tanto no Novo quanto no Antigo Testamento, por isso que a bíblia declara que toda a criação aguarda ardentemente a revelação dos filhos de Deus (Rm 8:19).
6
 DOMINAÇÃO E SUJEIÇÃO
            Nesse Capitulo o autor ira enfatizar o verdadeiro significado de dominar e Sujeitar, observando inclusive que por entendimento desses conceitos errados muitos dos grandes vencedores da história tiveram suas mãos manchadas de sangue de inocentes.
            Com certeza a instrução de Deus para Adão sujeitar a terra não era para ele matar e comer todos os animais, mas de cuidar, isso é observado quando se vir Adão cooperando com Deus dando nomes a todos os animais. Já o sentido de dominar trata-se de governar, não destruir. Assim como Deus é o maior governante do universo. Aos olhos de Deus aquele que governa é o que serve. No presente Deus governa com paciência, bondade e misericórdia e faz nascer o seu sol sobre maus e bons.
            Temos a impressão de que Deus ama o mundo da natureza e cuida dele com ternura e preocupação que poderíamos esperar de um jardineiro cuidando de suas rosas premiadas. Somente o homem é feito a imagem e semelhança de Deus, e Jeová era o único entre os deuses primitivos que proibia o uso de imagens em sua adoração. Nenhuma imagem de Deus Pode ser encontrada em toda a criação, exceto uma, e esta foi gravada pelo próprio Deus “Façamos o Homem a Nossa imagem”.
            A Bíblia declara que temos um lugar especial na criação como dominadores e que temos a responsabilidade de zelar por ela, porque foi confiada a nós por Deus. Mas como o homem deve governar o mundo? Com entusiasmo, com humildade e responsabilidade. Na prática, há quatro aspectos que devemos considerar se quisermos entender a visão cristã de dominar e sujeitar a criação: conhecimento, interesse, sacrifício e resgate.
            Aonde deve começar esse cuidado? Nas casas, nas fazendas, nas bases da Igreja, em acampamentos, campus universitário e centros de recreação. Se dominássemos como Deus sujeita, então deveríamos mudar tanto os nossos pensamentos como as nossas táticas.
7
O MUNDO DE DEUS HOJE
            Há alguns anos o maior problema ambiental era a fumaça que ficava restrita a alguma cidades industrializadas, hoje, os problemas são muito maiores do que há 30 anos.
            A presença humana se multiplicou no planeta, chegando à casa de bilhões em pouco tempo a partir de 1800. E qual é o impacto tamanho crescimento exponencial para a natureza?Uma das conseqüências é a escassez de terra e falta de alimento mundial. Alem do mais, as melhores terras do mundo para a agricultura estão sendo revertidas para outras finalidades.
            E a igreja tem uma grande parcela de culpa neste processo de destruição da terra por se preocupar mais com o coração do homem do que com toda a criação. E o homem em geral continua a consumir toda a sua reserva de recurso não renováveis.
            Infelizmente não estamos tratando dos nossos recursos globais com a mesma sabedoria que aplicamos a nossa riqueza pessoal. Só os Estados Unidos com 5% da população mundial, consomem um terço dos recursos minerais processados e da energia não renovável do planeta. Esse é o lado ruim da boa vida.
            Olhando para os nossos recursos renováveis, até mesmo eles têm que ser observado quais as taxas de uso com relação à taxa de renovação. Toda demanda de crescimento populacional, não apenas ameaçam as futuras provisões, como cobra forte pedágio dos próprios ecossistemas.
            É interessante saber que as pessoas que dizem conhecer bem a Deus, não possuem conhecimento algum sobre as criaturas que ele criou. O impacto humano não se limita aquilo que extraímos da criação, mas toda a poluição causada pelo uso de diversos produtos. Um exemplo é a chuva ácida que hoje já se tornou um problema internacional, conseqüência de todo esse exagero da população.
            Parece uma repetição de fatos, mas na verdade, o problema da chuva ácida, da camada de ozônio e do efeito estufa é um mal causado pela sociedade moderna, e que por enquanto está sem solução. Não só isso, mas os recursos renováveis ameaçam esgotar, as demandas excedem as taxas de renovação. Não é para a humanidade que devemos guardar o jardim, mas para Deus, sermos um verdadeiro mordomo.
8
AS CONSEQUÊNCIAS DA DESOBEDIÊNCIA
            O fracasso em obedecer às leis de Deus é tratado como uma criminosa ofensa contra Deus. No meio cristão existe a idéia equivocada de que a Bíblia só se preocupar com as coisas espirituais, mas isso não é verdade, porque Deus sempre relacionou a realidade invisível com a visível que o homem pode perceber.
            Nos registros históricos, Israel sempre abusou da terra em que morou, no entanto, hoje, ele tem procurado recuperar um pouco essa degradação causada ao longo da história com recuperação de parques e reservas naturais, muito visitados pelos turistas.
            Mais de quatrocentos produtos químicos tóxicos estão hoje ligados ao câncer humano, o efeito sobre a saúde do ser humano de um modo geral tem aumentado em muito. A Organização mundial de saúde estima que mais de um bilhão de pessoas estão expostas a riscos de saúde provenientes da poluição do ar.
            Além das conseqüências econômicas, quando qualquer grupo de indivíduos fracassa no cuidado adequado da criação, o custo é passado ao público atual e às gerações futuras. E as conseqüências estendem-se até ao impacto estético, transformando belas paisagens em verdadeiros cemitérios degradados.
            E muitos por lutarem na tentativa de defender a natureza têm perdido a sua vida. Por conta disso, muitas leis foram aprovadas e até empresas foram fechadas. E ainda assim, pesquisas apontam que em geral os mais fies e mais regulares nas igrejas são os que mais fazem pouco caso com a criação ao seu redor.
            Não se pode perder o foco da discussão, onde não se deve lutar apenas pela sobrevivência da raça humana, mas de toda criação. E o assunto é tão sério, que hoje já se escrevem livro falando a respeito de uma busca desesperada por movimentos ambientais modernos com valores além da mera ciência e administração, mas com uma ligação com o transcendente.
            A dignidade humana surge de dentro da criação, não contra ela. As tarefas de adão para cuidar da terra não mudaram, mas se tornaram mais urgentes e difíceis, porque agora devemos executar essa tarefa dentro de uma natureza decaída em um mundo pecaminoso.
9
 UMA RESPOSTA CRISTÃ
            Em tudo, o cristão deve crescer para ser uma pessoa guiada por uma ética pessoal dirigida pela obediência a Deus. A adoração é o melhor jeito de o homem começar a mudar essa história. Na adoração reconhecemos que o mundo pertence a Deus e que a morte e a ressurreição de Jesus Cristo mudarão não apenas nossa própria vida como o mesmo cosmos e criação nos quais nós todos viveremos, criando não somente um novo céu, mas uma nova terra.
            Propagamos uma reação cristã á criação de Deus quando começamos a usar menos e a poupar mais. E isso se estende mais ainda de uma forma positiva, quando começamos ter atitudes positivas com relação a isso: divulgando nos jornais, entre nossos amigos, lemos matéria ou artigos concernente a isso e nos envolvemos de todas as formas em benefício de um bem comum.
              E uma das melhores formas de começar isso é pela família, tendo em vista que a maioria das famílias vive em vizinhança e o que o indivíduo pensa ou faz geralmente é observado e comentado pelos outros. Até mesmo férias em família pode se tornar uma atividade mais sensível a criação de Deus.
            Equilíbrio e ênfase devem ter alta prioridade em todo programa educacional da igreja. Não que isso tome todo o espaço da pregação do evangelho, mas ultimamente tem havido pouquíssimos sermões ou estudos sobre educação ambiental, embora seja parte das mensagens Bíblicas.
            Durante muitos anos a igreja tem enviado missionários para pregar o evangelho em todo mundo, no entanto, o cuidado com a natureza sempre tem partido das organizações não governamentais, devendo a igreja se integrar mais nessas atividades, visando não apenas ações locais, mas globais. Chegou á hora de expandir os papeis das missões, envolvendo crescimento populacional, economia e questões ambientais.
            À medida que os valores públicos desviam-se dos interesses comerciais tradicionais como madeira, minerais e pasto para os interesses não-comerciais como animais selvagens, recreação e estética, crescem a tensão entre as diretrizes de administração que beneficiam as leis comerciais e de meio ambientes destinadas a preservar a saúde do ecossistema.
            Os teólogos fazem distinção entre dois tipos de mal: o pessoal e o estrutural. Mas o mal em um mundo decaído pode passar dos níveis pessoais e exigir mais do que respostas pessoais, bem como o mal no nível estrutural não pode ser frustrado por remédios no nível pessoal. É o próprio sistema que deve ser mudado. Existem muitos preconceitos de interesse próprio que estão arraigados no coração do homem.
            A expressão de tais preconceitos é simples e direta: Se a lei é contrária aos seus desejos, quebre-a. Se a verdade não apóia sua posição, minta. E se outros estão em seu caminho, elimine-os. Muitas vezes nos acostumamos também com essa expressão porque, mesmo como cristãos, temos aceitado a premissa secular de que a religião pode ser pessoalmente atraente, mas é socialmente irrelevante.
10
 A ECOLOGIA E A MENTE CRISTÃ
            Segundo grandes estudiosos, estamos perto de cometer e muitos diriam que já estamos cometendo, o que na linguagem religiosa é às vezes chamado de crime contra a criação. E para que evitemos isso, são necessárias mudanças radicais não apenas na política pública, mas também no comportamento individual.
            Essa depravação dentro da natureza humana se expressa por, entre outras coisas, uma destrutividade em relação ao mundo físico. É, no fundo, uma expressão do egoísmo da humanidade. É bem aceitável a conclusão que chegam alguns estudiosos, que os humanos acham o egoísmo mais natural e mais lucrativo do que a cooperação, com destruição ambiental como resultado lógico.
            A déia da criação é uma das idéias singulares mais poderosas que jamais surgiu na cultura ocidental. A criação define o nosso lugar no cosmos e a nossa posição diante do Deus vivente, nosso criador. É somente conhecendo a Deus como criador e o universo como sua criação que podemos começar a contemplar a imensidão da pessoa, da obra e dos propósitos de Deus.
            O envolvimento inteligente e ativo com a criação não tem sido e não será exclusivo à comunidade cristã. De fato, a Igreja tem ficado muito atrás de outros grupos em relação a reconhecer o direito de guardar a criação. A administração da criação é exigida por algo maior do que a mentalidade de sobrevivência inerente a muitos apelos ambientais modernos.
            Em muitos casos pessoas que decidiram por uma carreira que envolve motivações ambientais, foram tão desmotivadas pelos seus próprios professores que começam a proteger não mais os recursos, mas as suas próprias carreiras. Essa é consciência dos carreiristas seculares, que não sabem o verdadeiro significado de ser um mordomo.
            Para a educação cristã de nível superior, a responsabilidade é muito maior. Pois é ela que deve ensinar e produzir verdadeiros mordomos, pessoas de integridade e que funcionem profissionalmente como tal. Onde o aluno deve formar uma consciência que declare que o trabalho do mordomo pela criação é uma missão a serviço de Deus. Caso as universidades cristãs falhem, então devem saber que também não terão qualquer influência no resultado da crise ambiental.
            Dependendo da posição que a igreja toma diante de causas como essa, pode parecer que a igreja não leva suas próprias convicções religiosas tão a sério, porque ainda estamos para ver uma igreja ou denominação individual ingressar nesse processo público e apresentar conceitos bíblicos válidos sobre a administração que tenha efeitos de grande alcance sobre a administração e política de recursos naturais.
            Conhece a Deus como criador não é um adendo da vida cristã, mas uma revelação essencial do caráter e pessoa de Deus. O que se vê atualmente é tanto a religião como a ciência sendo usadas e manipuladas com finalidades sociológicas. Como escreveu um grande pesquisador: “A igreja pode ser, de fato, nossa ultima e melhor chance... não há soluções para as causas sistêmicas da crise ecológica, pelo menos nas sociedades democráticas, longe da narrativa religiosa”

Por: Joelsam