O
POVO DA PROMESSA: A ERA MOSAICA
Todo
o contexto da era mosaica começa com a evidência do cumprimento da promessa de
Deus, descrito em Êxodo 1:7, fazendo clara alusão da benção prometida em Gênese
1:28 e 35:11. Toda essa descendência, porém, era mais que uma mera família, era
um povo, uma nação.
Essa
nação posteriormente experimentaria os atos graciosos de Deus, levando toda
nação a confirmar: “Javé libertou o seu povo do Egito”. O mesmo Javé que
estaria dinâmica e efetivamente presente quando houvesse necessidade e quando
os homens clamassem a Ele. Deus que fazia alianças conforme suas promessas,
onde o amor e a graça dominavam a transição entre estas eras.
Anteriormente, Deus aparecera a
Abraão, a Isaque e a Jacó no caráter e natureza de El Shaddai; agora, porém, se
manifestaria como Javé (Êx.6:3). O autor do êxodo fez uma ligação direta entre
o período dos patriarcas e do êxodo, para ele, a aliança do Sinai era uma
continuação teológica e histórica da promessa dada a Abraão.
MEU
FILHO, MEU PRIMOGÊNITO
Depois
de quatrocentos e trinta anos de escravidão, os filhos de Jacó clamaram a Deus
pedindo socorro. O socorro veio na pessoa de Moisés e nas intervenções e
palavras milagrosas da parte do Senhor, dizendo a Faraó: “Israel é meu filho,
meu primogênito... Deixa ir meu filho”. Javé como pai, trouxe Israel à
existência como nação; alimentou a nação e guiou.
Nisso se consistia a
paternidade. Embora Israel tenha evitado qualquer idéia de filiação divina como
os monarcas do Egito alegavam ser, levando até mesmo as pessoas acharem que
eles eram frutos de uma relação sexual entre o deus e a rainha. Diferente deste
conceito de filiação monarca, a filiação de Israel expressava um
relacionamento, onde Israel como filho, tinha de imitar seu Pai nas atividades
Lv 19:2.
O
título “primogênito”, por outro lado, usualmente significa o primeiro filho a
nascer, o primeiro da escala. Os direitos de primogenitura eram ultrapassados
quando outro filho era designado o “primogênito”. Aquilo que antes dependia da
posição agora era removido e fundamentado na graça.
MEU
POVO, MINHA POSSESSÃO
Israel era mais do que uma
família ou filho de Deus, Israel já se tornaria um gôy, uma “nação” ex 19:6. Moisés repetiu este título a Faraó, na
exigência categórica da parte de Deus: “Deixa ir o meu povo”. A lealdade de
Javé ao seu povo se evidenciou nos eventos das pragas, do êxodo e da viagem no
deserto. No entanto, as pragas nunca foram uma mera punição a Faraó, mas para
convencê-lo de que Javé deveria ser temido e obedecido. Mas será que Deus era
somente injustamente parcial a favor de Israel? Muitos acreditam que não, por
considerar que as pragas tinham também um apelo evangelístico aos egípcios.
Os deuses do Egito não eram
deuses de modo algum. Somente Javé era Deus, e Ele era Deus em toda a terra, e
não somente no território dos patriarcas em Harã ou Canaã. Exatamente por isso
que muitos dos egípcios temerem ao Senhor, obedeceram e deixaram o Egito junto
com o povo de Israel Êx 12:38.
Abraão
se tornara numeroso; de fato, ele agora veio a ser uma grande nação, e os dois
grandes atos redentores da parte de Deus, a Páscoa e o Êxodo, sublinharam a
realidade desta nova realização. O valor de Israel, portanto, se baseava no
amor e na afeição que Deus dedicava a ele. Israel ficou sendo sua possessão.
Todo esse conceito entre Deus e Israel pode ser reduzido a uma simples frase: “Tomar-vos-ei
por meu povo” Êx 6:7. Essa afirmação veio a ser a segunda parte da fórmula
tríplice: “Eu serei vosso Deus e vós sereis Meu povo”, e a terceira parte é:” E
habitarei no meio de vós”.
SACERDOTES
REAIS
Esta possessão prezada,
possuída de modo sem igual. Estava destinada a vir a ser um sacerdócio real do
qual a congregação inteira fazia parte, e este papel de mediador foi anunciado
em Êxodo 19:3-6. O mundo inteiro pertencia ao Senhor; mesmo assim, bem no meio
das nações colocara a Israel e a ele dera uma tarefa muito especial.
Briggs notou que o termo “reino de sacerdote” era mais um
substantivo composto do que um relacionamento construto do caso genitivo. De
fato, os termos se combinavam tão estritamente na sua unidade, que Israel tinha
de ser, ao mesmo tempo, reis-sacerdotes e sacerdotes reais. Isto tinha de ser
aplicável a cada pessoa na nação como um todo, assim como todos tinham sido
incluídos na filiação. Infelizmente para os israelitas, eles recusaram o
privilégio de serem um sacerdócio nacional, e preferiram ser representados por
Moisés e Arão Êx 19:16.
UMA
NAÇÃO SANTA
Ainda outro título foi
conferido a Israel, de uma nação. Mas não como o tipo comum de nação que não
conhecia a Deus, Israel teria de ser uma nação santa. Israel tinha de ser separado
e santo; tinha de ser separado e diferente de todos os povos da terra. Como
povo eleito ou chamado que agora estava sendo formado como nação sob orientação
divina, a santidade não era um aspecto opcional. Israel tinha de ser santo,
porque seu Deus, Javé, era santo
O
homem vive de acordo com a vida mais sublime da fé somente na medida em que anda
em conformidade com estes; porque embora receba a vida mediante um simples ato
de fé em Cristo, não pode exercê-la, mantê-la e desfrutá-la a não ser em conexão
com as instituições e exigências do evangelho.
A
LEI DE DEUS
Nenhuma fórmula apareceu com
maior insistência durante este período de tempo do que “Eu sou Javé”, ou “Eu
sou Javé teu Deus”, e ela era a base para qualquer exigência imposta por Deus a
Israel. Para ajudar a jovem nação, recém-libertada de séculos de escravidão
para os privilégios e as responsabilidades da liberdade, Deus deu sua lei,
dividida em três aspectos: Lei moral, civil e cerimonial.
A
Lei Moral
O padrão de medida dessa lei
se fixa no caráter imutável e impecavelmente santo de Javé, o Deus de Israel.
Sua natureza, atributos, caráter e qualidades supriam a vara de medida para
todas as questões éticas. Havia, porém pela mesma prova um ambiente de graça, e
se alguém duvida que a graça esteja no primeiro plano da lei, deve meditar
cuidadosamente sobre a sequência do Êxodo, a viagem para o Sinai, a graça de
Deus durante a peregrinação e seu perdão daqueles idólatras e sexualmente
depravados que prestavam culto ao bezerro de ouro.
A
Lei Cerimonial
A mesma lei que fez tão
grandes exigências da parte dos seres humanos também providenciou, para os
casos de fracasso em atingir estes padrões, um sistema minucioso de
sacrifícios. A parte sacrificial, no entanto, era apenas um dos três fios que
pertencem à lei cerimonial, pois ainda tinha a teologia do Deus que
tabernaculava e a teologia da impureza e da purificação.
Deve ser observado que o
impuro neste contexto, não era o sujo ou proibido, mas no sentido de pureza,
não de limpeza. Muitas das ações básicas da vida deixavam a pessoa impura.
Alguns desses atos eram frequentemente inevitáveis, tais como cuidar dos mortos
ou dar a luz. Sendo assim, todos os meios de tratar com o pecado foram
providenciados pelo próprio Deus, pelo sistema de sacrifício.
Mas nem todos os sacrifícios
visavam o problema do rompimento da comunhão entre Deus e os homens. Alguns
como as ofertas pacíficas e as de comunhão, eram apenas para compartilhamentos
das dádivas de Deus. Outras, porém como os holocaustos, ofertas pelo pecado, ou
ofertas pela culpa, eram previsto para preencher as lacunas deixadas pelos
efeitos danificadores do pecado.
A Lei Civil
No
que diz respeito à teologia, este aspecto da lei de Deus era s mera aplicação
da lei moral a partes selecionadas da vida da comunidade, especialmente onde,
naqueles dias, era provável o desenvolvimento de tensões. A verdadeira justiça
e santidade da parte dos juízes e governantes devia ser medida pelas exigências
do decálogo. Sendo assim, a lei civil ilustrava a sua prática nos vários casos
ou situações com que a liderança se defrontava durante a era mosaica.
O
DEUS QUE TABERNACULAVA
O
fato mais importante na experiência desta nova nação de Israel era que Deus
viera “tabernacular” ou “habitar” no meio dela. Agora ficou completa a promessa
tríplice, uma das fórmulas mais freqüentemente repetidas da promessa seria: “Eu
serei seu Deus - Vós sereis o meu povo – e Eu habitarei no meio de vós”.
E, no caso do tabernáculo, era o
lugar onde faria a sua residência temporária. Um novo sentimento da proximidade
e presença ativa de Deus estava para pertencer a Israel.
A teologia do tabernáculo tinha de
ser formada na declaração de propósito em Êx 25:8 e o aspecto central deste
tabernáculo, tanto na teologia da expiação como na teologia da presença de
divina, era a arca da aliança de Deus.
Por: Joelsam