INTRODUÇÃO
Ao longo dos tempos, os cristãos são
levados a batalhar pela fé de acordo com os níveis de ataques que a verdade
cristã tem sofrido, e muitos mártires ficaram marcados na história pela sua
ousadia e empenho nesta defesa. E hoje não é diferente, continuamos em guerra,
e os ataques não são mais às doutrinas isoladas, toda a estrutura da verdade
cristã está sob ataque do inimigo. E cada vez mais o confronto sai do contexto da
igreja institucional para o nível individual, o falado mano a mano.
E neste novo cenário, o verdadeiro cristão,
enfrenta a difícil missão de elaborar estratégias e decidir quais doutrinas e
ensinamentos devem ter prioridades na defesa da fé dentro de nosso contexto
contemporâneo. E como se não bastasse, a nossa missão não é apenas na defesa
pública do evangelho diante do mundo secular, precisamos lidar também com as
divergências doutrinárias das diferentes denominações ou irmãos de nossas
próprias congregações.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Fazendo agora um paralelo com o que
ocorre na emergência de um hospital em uma situação de guerra, onde o volume de
pacientes é grande e todas as decisões têm que ser tomadas com rapidez e precisão,
o médico de plantão deve ter a capacidade, o conhecimento e a experiência para
observar cada caso e fazer a triagem dos que necessitam de tratamento de
urgência, emergência, dar apenas um medicamento, ou pedir para o paciente
voltar outro dia. Assim, deve ser o cristão, em guerra constante contra o
inimigo, obrigatoriamente deve possuir tais características para discernir
quais prioridades teológicas devem ser defendidas e em que nível de discussão
deve ser considerado o debate.
Todos os cristãos deveriam saber disso
que será tratado a partir de agora, pois, com certeza, diminuiria muito os
conflitos, os prejulgamentos e as condenações no meio cristão.
O PROCESSO DA TRIAGEM
TEOLÓGICA
1º Nível
Para início de conversa, precisamos
saber quais são as religiões cristãs e quais não são, ou seja, se a pessoa com
quem estamos debatendo é nosso irmão cristão ou não. Para isso, poucas
perguntas bastariam para identificarmos se estamos no primeiro nível de
discussão, no qual se trata da crença nos principais fundamentos do
cristianismo e que determina se estamos debaixo da mesma cruz: Você crer no
nascimento, morte, sepultamento e ressurreição corporal do nosso Senhor Jesus
Cristo? Você crer na trindade? Você crer na plena divindade e humanidade de
Jesus Cristo? Você crer na justificação pela fé? Você crer na autoridade das
escrituras? Então você é cristão, é meu irmão, e não importa sua denominação,
pois todos que negam essas verdades reveladas são, por definição, não cristãos.
Como se pode ver, essas perguntas
anteriores fazem parte das doutrinas mais fundamentais da fé cristã, e negá-las
representa nada menos que a negação definitiva do próprio cristianismo e essas divergências
nos separa por religiões no mundo (cristãs, espiritismo, judaísmo, islamismo,
budismo, entre outras).
2º Nível
Já neste nível, tratar-se do
conjunto de doutrinas de segunda ordem, onde já sabemos que somos todos cristãos
(porque todos creem nos fundamentos da primeira ordem), mas podemos discordar
um dos outros e estas divergências criam barreiras que nos separa por
denominações, mas não nos separa de Cristo, pois fomos lavados pelo mesmo
sangue, na mesma cruz. São casos de denominações cristãs que aceitam mulheres
como pastoras, outras não, possuem em sua hierarquia organizacional bispos, apóstolos,
ou só missionários, bem como, adotam práticas de batismo diferentes, adotam
elementos judaicos, ou seja, um grande número de denominações permanece juntas
nas doutrinas de primeira ordem e reconhecem uns aos outros como cristãos, mas são
impedidos de uma maior proximidade e comunhão por conta de doutrinas de segunda
ordem (trata-se de denominações com verdadeiras práticas cristãs, não das que
usam o evangelho em causa própria).
3º Nível
Agora, são doutrinas que os cristãos
podem discordar e ter duros embates em uma grande quantidade de temas, mas
estão sentados lado a lado na mesma congregação local tomando a ceia no domingo,
onde geralmente estas discussões giram em torno da: volta de Jesus em corpo ou
não, sequência dos eventos escatológicos, interpretação de textos polêmicos,
procedimento da ceia, milênio, arrebatamento, os 144 mil e outros milhares de
temas, mas cada cristão é capaz de aceitar um ao outro sem transigir quando o
assunto em pauta é de terceira ordem.
CONCLUSÃO
A grande importância de saber fazer
a triagem teológica na hora da discussão, é que cada um saberá se posicionar
melhor, no tom certo para cada debate, não promovendo problemas de terceira
ordem à importância de primeira ordem, evitando com isso muita confusão e impedindo
que o debate se torne inútil. Por falta deste conhecimento, o que se ver são
pessoas muito liberais que tratam assunto de suma importância de primeira ordem
como se fossem de terceira, ao mesmo tempo, muitos fundamentalistas tratam
qualquer assunto em uma discussão como se fosse de primeira ordem, causando uma
verdadeira confusão teológica. Espero que todos os cristãos se coloquem à
altura para enfrentar o desafio da maturidade cristã, classificando as questões
com uma mente treinada e um coração humilde, a fim de fazer a defesa da fé.
Por
Joel Sarmento Barros.
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