1 1.EVANGELHO
DE MATEUS
Para Marshall (2003, p. 88),
“Mateus compartilha da mesma estrutura teológica básica de Marcos. Também inclui
em seus relatos materiais provenientes de outras fontes e introduz pequenas
modificações no relato de Marcos”. Como por exemplo, nos relatos que narram à
tentação de Jesus que são mais extensos.
É enfatizado em algumas
passagens o uso da fonte Q[1],
como no caso de (Mc 11 e 12) que trata do relacionamento de Jesus com João
Batista, e só depois do uso de Q retoma o material encontrado em marcos,
deixando explicito que o autor de Mateus utilizou a hipótese das duas fontes.
Outra observação do autor, é
que em Mateus, o ensinamento de Jesus é enfatizado com passagens extensas e
detalhado, demonstrando a importância de um ensinamento minucioso e sistemático.
Outra característica de
Mateus era nos sermões, que eram essencialmente voltados para os que o seguiam,
mas nunca faltou elemento de cunho evangelístico da ação redentora aberto a
todos, que apesar de se preocupar com o comportamento e não com a fé, traz
implicações de caráter teológico.
O autor afirma que segundo a
ótica de Mateus, fica claro que para Jesus a lei continua valendo para os
judeus, no entanto, no seu ensinamento que segue, a lei que deve ser observada
é a reinterpretada por Ele.
Na visão do autor, Mateus
também enfatiza que “a vida cristã é uma questão de obediência e não somente de
fé [...] e que é por isso que Jesus não revoga os mandamentos, pelo contrário,
eleva o nível para uma obediência muito além da letra da lei”. (MARSHALL, 2003,
p. 92)
Marshall diz que o livro de
Mateus também apresenta diferença do livro de Marcos, onde a maioria das
parábolas se inicia com o “reino dos céus é semelhante”, e já em Mateus surgem
duas novas parábolas, a do joio e do trigo e a parábola da rede fazendo referência ao juízo final.
Conforme o autor a revelação
de Jesus no Livro de Mateus apresenta diferenças em relação ao livro de Marcos,
que são pequenos acréscimos, como por exemplo, o elemento da epifania secreta
rastreado em Marcos por alguns estudiosos, que é ainda mais intenso em Mateus.
(MARSHALL, 2003)
Ou seja, enquanto em Marcos
os discípulos se assombram e não entendem os milagres sobrenaturais, em Mateus
o adoram como filho de Deus como se entendessem tudo.
Segundo o autor o livro de
Mateus também confirma que a Igreja é o novo Israel inaugurado por Jesus,
afirmando que o reino será retirado das mãos dos seus antigos lideres e
entregue a um novo povo que produzirá respectivos frutos (Mt 21.43).
Segundo o autor, o livro de
Mateus traz a versão mais acentuada da parábola do proprietário da vinha, e
deve ser vista como um juízo aos líderes judeus que seriam substituídos pela
igreja como sentinela do povo de Deus.
Ele afirma também que Mateus
24 é relativamente paralelo a Marcos 13, mas contém material extra da fonte Q.
Assim como Mateus torna explicito muita coisa que se encontra implícito em Marcos.
Para o autor Mateus
apresenta a narrativa do nascimento de forma mais clara, e os termos “Cristo”,
“o Filho de Deus” e “Filho do homem” são ditos ênfase diferente.
Para Marshall, Mateus também
traz questões importantes a cerca do lugar e da missão dos gentios na igreja, e
a validade permanente ou não da lei de Moisés. “Pois por filiação biológica os
judeus eram os descendentes do povo [...] que herdara a lei de Moisés, [...]
que nessa época ainda era obrigatório”. (MARSHALL, 2003, p. 107)
Mateus registra o Jesus que
divide a história entre o período da lei e dos profetas e o tempo da ação do
reino do céu, onde a versão de Mateus das bem-aventuranças está relacionada à
coisa que o povo de Deus faz, ou seja, os Evangelhos apontam para um código
radical de comportamento.
O autor fala também, que para
Mateus, o reino é incontestavelmente futuro do sentido de que as pessoas
entrarão nele no povir. E mais do que em qualquer outro evangelho, fala de Deus
como Pai, aliás, 44 vezes.
Segundo
o Autor, para Mateus, Israel encontra o seu futuro na igreja, no povo que
reconheceu a vinda do Messias, e a teologia de Mateus estabelece a relação de
Jesus e a igreja com o judaísmo. (MARSHALL, 2003)
2.
EVANGELHO
DE MARCOS
Marshall,
deixa explicito que o autor de Marcos consultou no AT e que Jesus Cristo é as
boas novas que são citadas no livro de Isaias, ou seja, a salvação para o povo
de Israel, mencionado nas sagradas escrituras, em que vários pontos do seu
Evangelho os textos estão voltados para essa esperança para o povo judeu.
(MARSHALL, 2003)
Segundo o autor o nome de Jesus
quando é mencionado como “Jesus Cristo” já deixa a mostra o principal objetivo
do Evangelho de Marcos, que é retomar o início da idéia dos primeiros cristãos,
que criam que Jesus era o “Cristo”, ou seja, o “Messias” enviado por Deus.
O
autor defende que Marcos foi o primeiro Evangelho a ser escrito, tanto que cita
que pode haver uma junção do último livro profético, no caso de Malaquias que
fala que viria um antecessor de Deus nessa terra, dando inicio de sua narração
falando de João Batista, a voz que clama no deserto. (MARSHALL, 2003)
Marshall
fala que o povo judeu esperava dos profetas, profecias futuras, no entanto
Jesus segue falando que está se cumprindo as escrituras e que o tempo já havia
chegado e era hora de se arrepender e crer no evangelho (Mc 1.15).
Descreve
também que Marcos queria que seu público entendesse certos pontos sobre essa
idéia de Reino, que as profecias que o povo esperava já haviam chegado com
Jesus. Que o tempo em questão era a chegada do reino de Deus, que não era uma
ameaça e sim uma boa nova, que a resposta a essa mensagem era o arrependimento
e a fé. (MARSHALL, 2003)
Marcos
segundo Marshall, mostra as respostas de Jesus, geralmente concisas, diante das
perguntas ou acontecimentos específicos, e a forma que Jesus apresentava o
reino ao povo. Para Marcos é provável que fosse mais importante revelar o papel
de Jesus do que sua mensagem. Ou que as informações que ele tinha em mãos não fossem
adicionadas, e que segundo o autor Marcos não poderia ter usado a fonte “Q”
usada por Mateus e Lucas.
Em
relação ao reino que os judeus esperavam, Marshall diz que Marcos apresenta-o
primeiro como algo que as pessoas possam entrar (Mc 9.47; 10.23-25). Este
apresenta a presença de Deus num estado além da morte. O segundo reino, é visto
como algo futuro que está por vir (Mc 9.1; 11.10; 15.43), aqui fala que de
algum modo, o reino futuro se tornará realidade neste mundo. No entanto Jesus
afirma que o reino está próximo, na declaração de Jesus o futuro reino já havia
chegado ou estava em vias de chegar. Ou que o reino pertencia a certas pessoas,
no sentido que essas pessoas estão destinadas a se tornar parte do reino (Mc
10.4). (MARSHALL, 2003)
Ele
continua afirmando que o autor de Marcos relata em breves palavras os milagres
de Jesus de forma que se podia ver algo sobrenatural que operava nele, e com
apenas simples palavras ou comando com efeitos imediatos que os médicos com
medicamentos levariam certo tempo para realizar. Isso provava a autoridade de
Jesus que até o próprio espírito demoníaco testemunhando que Jesus é o “Filho
de Deus” uma expressão nada comum para quem sabia das origens de Jesus.
O
autor diz que segundo Marcos, algumas pessoas não viam Jesus como representante
de Deus, porque Ele demonstrava amizade por pessoas marginalizadas para a sociedade,
que segundo os costumes da época essas pessoas eram consideradas incompatíveis
com a lei do Senhor. Isso levou ao conflito com a Elite religiosa, fazendo
assim Jesus ser perseguido pelos mesmos.
Também
fala que Marcos apresenta três narrativas que estão interligadas, Jesus e sua
relação com as multidões, Jesus em situações de conflito e Jesus sendo
reconhecido como sendo Messias.
O
relato divide-se também em “[...] registro sobre o que Jesus faz diante as
multidões e sua atividade na presença exclusiva dos doze apóstolos” (MARSHALL,
2003, p. 62). O ponto central do evangelho de marcos (Mc 8.27 e 9.13) é quem o
povo acreditava que Jesus era ou ainda mais especificamente pelos apóstolos, a
singela resposta dada por Pedro, Jesus é o Cristo.
Marshall
diz que Marcos relata a forma como Jesus começa a tentar explicar aos doze, que
o Filho do Homem deveria sofrer, ser morto e então ressuscitar, seus seguidores
também devem estar preparados para negar seus próprios desejos e se sacrificar pela
causa de cristo.
Marshall
comenta que “há uma série de incidentes em que algo de incrível acontece
somente na presença dos doze ou de alguns deles” (MARSHALL, 2003, p.62), como
no caso em que parou a tempestade, ressuscitação da filha de Jairo, milagres
dos pães e o andar sobre as águas, são exemplos de alguns deles.
O
autor destaca um fato importante, onde:
A narrativa da
transfiguração é seguida por um abrupto retorno ao nível básico, onde se
desenrola um caso [...] difícil de exorcismo. [...] a narrativa se dá de tal
forma a destacar a importância da fé no que Deus pode fazer por meio de Jesus
[...] sobre a importância da oração. (MARSHALL, 2003, p. 64)
O
autor também deixa claro, que a narrativa vai se deslocando das ações de Jesus
para o ensino dos discípulos, ao mesmo tempo em que também vai aumentando a oposição
a Jesus.
O
autor destaca que Jesus adentra a cidade montado em um animal, era costume
típico de reis e conquistadores, os que seguiam Jesus reconheciam tal fato e
proclamavam a vinda do Reino de Davi. E que, portanto, para Marcos a mensagem é
bastante clara: Jesus é o Rei Messiânico, e esta é sua entrada triunfal na
capital.
Marshall
esclarece que a “crucificação é descrita em uma série de alusões implícitas no
Antigo Testamento e a narrativa anterior do próprio evangelho [...] tipificado
no (Sl 22; 69)” (MARSHALL, 2003, p. 69), o relato atinge seu clímax no clamar da
morte de Jesus, refletindo a sensação de abandono sentida pelo autor do salmo
(Sl 22.1).
Para
o autor existe um sigilo ou que ele denomina de segredo Messiânico, o que nos
leva a hipótese de que Jesus se empenhou de manter sua identidade como Messias
em sigilo, de modo que ele silenciava pessoas e demônios que revelassem sua
identidade. Havendo sonegado também tais instruções as multidões e a seus
opositores, no entanto, revela de modo particular aos seus discípulos.
Segundo
Marshall com base na palavra mistério que quer dizer algo que Deus manteve
oculto no passado, e que só agora é revelado, o que requer uma explicação
complexa, no entanto os estudos modernos indicam o segredo como algo ligado ao
Messias, Ele, na verdade é parte do segredo relacionado ao Reino.
O
que para o autor implica dizer que houve uma revelação do plano de Deus aos
discípulos, ainda que com percepção limitada, pois o pleno entendimento viria
através do encontro pessoal com Jesus.
O
que leva Marshall a afirmar de forma destacável que não há indícios de que os
discípulos não tenham compreendido o que Jesus lhe aplicava, pois a historia
aponta para o reconhecimento gradual e cada vez mais pleno de Jesus.
Para
o autor Marcos indica que o evangelho deve tratar mais do mensageiro do que da
mensagem, o que da prioridade de quem é Jesus, pois na narrativa da historia
deve-se dirigir-se ao protagonista pelo nome ao qual era conhecido, Jesus.
Marshall
também destaca que há três termos principais que atuam como titulo a pessoa de
Jesus, são eles: Cristo que equivale ao termo Messias do grego, que aparece no
inicio do evangelho de Marcos (Mc 1.1), conceito que também é associado ao
titulo do santo de Deus (Mc 1.23), temos também o titulo filho de Davi (Mc
10.47), equivale a Messias e estar ligado à cura de um cego, e por ultimo o “titulo
de Cristo o Filho de Deus usado por vários personagens do evangelho (Mc 1.1- pelo
próprio autor; Mc 1.11- pela voz de Deus; Mc 3.11 - pelos demônios; Mc 14.61- pelo
sumo sacerdote)”. (MARSHALL, 2003, p. 75)
O
autor indica certa curiosidade a cerca do comportamento dos discípulos em
Marcos, pois já que eles são aqueles que recebem a revelação de Jesus no que se
refere ao Reino, ensinamentos que não são fornecidos a multidão, o que dá o
direito a eles de privilegiados.
Em
contra partida Marshall indica certa incapacidade para entenderem as palavras
de Jesus, pois pela lógica deveriam entender as parábolas (Mc 4.13), mas não
conseguem, demonstram ignorância sobre vários aspectos (como Pedro em, Mc
9.5-6), falta de poder (Mc 9.18), medo, pois quando Jesus é preso todos fogem
(Mc 14.50) o relato de tais evidências direciona o autor à indicação de uma
critica severa aos discípulos por conta de Marcos. (MARSHALL, 2003)
Portanto
o autor conclui que a teologia de Marcos deve ser comparada com a teologia dos
demais evangelistas, o que levara as diferenças existentes entre o contexto,
tema central e os detalhes de elaboração, pois o tema central de Marcos é a
identidade de Jesus em relação ao Reino de Deus, através do senso do mistério
de que o Messias não é um ser humano qualquer e o evangelho é uma revelação
secreta. (MARSHALL, 2003)
3.
EVANGELHO
DE LUCAS
Segundo Marshall, Lucas
constrói sua narrativa de Jesus com base no Evangelho de Marcos, mas também
utiliza outras fontes, onde essas novas fontes dão uma ênfase totalmente
diferente à narrativa.
O autor afirma que “[...] Lucas
deixa claro que está procurando relatar o que realmente aconteceu com base em
testemunhos confiáveis” (MARSHALL, 2003, p. 118), se preocupando com mensagem
cristã para que a mesma repouse nos eventos históricos.
Segundo o autor, na
narrativa que apresenta o relato do nascimento de João Batista e Jesus, contém
elementos difíceis de aceitar como históricos, no entanto, mesmo assim, Lucas
não teve problema para relatar as visitas angelicais, que mais pareciam
folclore do que uma narrativa racional.
Para Marshall, a teologia da
narrativa se apresenta de forma bastante clara, como por exemplo, na revelação
do significado do nascimento de Jesus, que no inicio se revela para grupos de
pessoas menosprezadas e depois muda para o papel de um futuro salvador,
confirmado por Simeão com um elemento novo, de que a salvação é para todas as
pessoas. (MARSHALL, 2003)
O autor também comenta que o
modo pelo qual a história é contada indica a ação contínua de Deus na história
e que Lucas relata isso mais próximo das escrituras judaicas.
Algo interessante bem
frisado pelo autor, é que Lucas faz uma referência a Cesar Augusto em (Lc 2.1),
apenas para vincular o evento a história mundial, pelo menos próximo á datação
dos profetas do AT em relação à história de Israel. (MARSHALL, 2003)
Marshall também afirma, que
a narrativa da pregação de João é mais completa do que em Marcos ou Mateus, uma
curiosidade é que a prisão de João é relatada como o fim de sua pregação
pessoal, antes do registro sobre o batismo de Jesus.
O autor comenta que:
Lc 4.22 é ambíguo, sobre se existe admiração
por Jesus ou um tipo de perplexidade que é inerente ao incrédulo. E que [...]
enquanto Mateus dedica um longo discurso proferido por Jesus, [...] Lucas
apresenta um discurso paralelo mais curto. (MARSHALL, 2003, p. 120)
O escritor descreve que a
narrativa de Lucas apresenta um quadro de uma nova sociedade, na qual o
oprimido é libertado e o abastado é privado de suas posses.
Também comenta que a “narrativa
em grande parte segue a de Marcos, mas Lucas omite uma parte importante do
material, resultando na justaposição do milagre da multiplicação dos pães [...]
com a questão sobre quem ele é”. (MARSHALL, 2003, p. 120)
Marshall diz que Lucas
apenas organizou o material disponível e não transformou numa narrativa
sistemática sob os vários aspectos do ensino de Jesus.
Há um comentário que para
Lucas e seus leitores essa declaração em forma de parábolas pressupõe o tempo
da igreja quando Jesus não estiver mais fisicamente com ela.
O autor afirma que o livro
de Lucas também evidencia que a preocupação de Jesus é com os excluídos da
sociedade judaica e que essa preocupação é justificada em Lucas 15, com as três
parábolas que falam do interesse de Deus por quem está perdido.
Para o autor a seção
teológica mais importante, é a que trata da vinda do reino de Deus em (Lc
17.20-37), onde a passagem parece fazer uma distinção entre a chegada do reino,
que não vem de forma visível, mas, sim, dentro de nós.
A característica de Lucas é
o lamento e Jesus sobre o destino que espera uma Jerusalém que não reconheceu a
vinda do rei. Lucas também conserva o discurso apocalíptico de Marcos 13, assim
como a versão de Lucas também fala mais claramente sobre o cerco e a destruição
de Jerusalém e também menciona a contínua sujeição aos conquistadores.
Lucas espera um tempo duro e
difícil para os crentes, podendo levá-los a abandonar a fé, por isso apela à
vigília e oração.
A
narrativa de Lucas da última ceia difere de Marcos e Mateus em dois pontos
principais: o Primeiro é que Jesus na hora da ceia faz uma declaração sobre se
cumprir o reino de Deus e sobre o reino de Deus venha. O segundo é que Jesus
faz uma série de declarações no final da refeição sobre a condição dos
discípulos, principalmente de não buscar grandeza, mas contentar-se com o
serviço humilde. (MARSHALL, 2003)
Segundo
o autor na sua visão, o livro de Lucas fornece narrativas das aparições de
Jesus depois da descoberta da tumba vazia. Começa e termina em Jerusalém com
cenas no templo, em seguida o texto narra, Jesus aparecendo aos Onze e ao um
grupo mais amplo de discípulos.
Conforme
Marshall:
Lucas estabelece a
base de todo o texto e apresenta vários temas e características do Evangelho. [...]
Os versículos anunciam uma narrativa metódica, baseada numa tradição confiável.
[...] Por isso ele indica um tipo de narrativa histórica a mensagem cristã, [...]
que conduzirá à fé renovada. (MARSHALL, 2003, p. 127)
O
simples fato de Lucas haver utilizado Marcos demonstra que aquele escritor
entendia este evangelho como semelhante em caráter a sua própria obra. Lucas
pode ser um historiador, mas consciente, todos os três Evangelhos sinóticos
pertencem ao mesmo gênero básico. Ao longo da obra de Lucas existe um sentido
de um plano divino sendo executado.
Este
Evangelho enfatiza o papel da oração para Jesus e seus discípulos mais do que
em outros livros. Fala do elemento da inevitabilidade em certos eventos e
compeli Jesus à obediência (Lc 2.49; 4.43; 13.16; 19.5) (MARSHALL, 2003, p. 128).
No entanto Lucas começa com o povo de Israel e refere-se à renovação de um povo
que abandonou o seu Deus. Lucas compartilha o entendimento comum do NT de que o
povo de Deus em geral o abandona e se torna pecador.
Assim,
semelhante a Mateus, mas diferente de Marcos, Lucas preocupa-se em registrar a
narrativa de como Jesus veio ao mundo de um modo que o apresenta não como ser
humano comum, mas como o filho do altíssimo. O tema principal de abertura do
Evangelho é a ação de Deus, o salvador, trazendo um Salvador, Cristo, o Senhor,
para o seu povo.
O
Evangelho de Lucas mostra o propósito da mensagem que é pôr às claras a divisão
na sociedade (Lc 12.51-53) e, ao mesmo tempo, produzir alguma reordenação. O
tema da reversão é mais proeminente em Lucas do que em qualquer outro lugar.
Desse modo Lucas expressa às duas faces da natureza de Deus. (MARSHALL, 2003)
Sua escolha da linguagem narrativa
não é diferente daqueles outros Evangelhos. Por outro lado, o julgamento de
Deus sobre o pecado também se destaca. Na promessa e cumprimento Lucas opera
semelhante à que vimos em Mateus, sendo o último entendido como o tempo de
Jesus e da Igreja. “Isso fica claro em Lucas 16.16, onde o contraste é entre os
dois períodos da proclamação”. (MARSHALL, 2003, p. 130)
“Lucas,
assim como Marcos e Mateus, identifica o tema da pregação de Jesus, [...]
quando ele usa o vocabulário da salvação para indicar o seu significado”
(MARSHALL, 2003, p. 131). Segundo o autor, Lucas foi um inovador, substituindo
um entendimento escatológico iminente por uma compreensão histórica da salvação
como ação de Deus no mundo.
O
uso do termo senhor em Lucas, empregado na forma de vocábulo, indica uma forma
de tratamento respeitosa, que poderia designar uma pessoa superior em riqueza,
posição ou autoridade. Conforme o texto, Lucas parece estar antecipando o uso
da futura igreja ao reconhecer que Jesus tinha a autoridade de Deus como mestre
e realizador de obras poderosas.
A
importância da missão, pelo fato de que Lucas registra as duas missões, os
dozes e os setenta e dois, indicando a missão aos judeus e aos gentios nessa narrativa.
Observando que este Evangelho possui um forte teor judaico que indica o início
e fim de que a última meta da salvação inclui os gentios. (MARSHALL, 2003)
4. REFERÊNCIAS
AMORIM, Marcelo E. Entendendo o Novo Testamento e a Fonte Q.
Disponível em:
<http://www.osbereanos.com.br/2016/02/13/entendendo-o-novo-testamento-e-a-fonte-q/>.
Acesso em: 28 Mai. 2016.
[1] http://www.osbereanos.com.br – Fonte
Q, também conhecida como documento Q ou apenas Q,
sendo que a letra "Q" é uma abreviatura da palavra quelle que,
em língua alemã, significa "fonte", é uma hipotética fonte
usada na redação do Evangelho de Mateus e no Evangelho de Lucas.
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