quarta-feira, 27 de julho de 2016

REVISÃO DA PONTUAÇÃO




            Em geral, ao lermos um texto, nem nos passa pela cabeça que a escrita nem sempre foi assim. Ou seja, com todos estes sinais, além das letras, até mesmo o espaçamento entre as palavras nem sempre existiu, aos poucos foi introduzido. O que seria da nossa escrita sem os sinais de pontuação? (PORTAL DO PROFESSOR, 2016).
            A escrita é um sistema de estruturação para o uso da língua falada, sempre contextualizado. No entanto, a condição básica para o uso escrito da língua, que é a apropriação do sistema alfabético envolve, da parte dos alunos ou escritores, aprendizados muito específicos, independente do contexto de uso, relativos aos componentes do sistema fonológico da língua e as inter- relações como a pontuação. Explicando e exemplificando: o sistema de pontuação na fala e na escrita permanece o mesmo independentemente do gênero textual e da esfera social em que ele se apresenta numa piada ou num processo jurídico o sistema de pontuação utiliza as mesmas regras.
            Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual, além de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. São recursos típicos da língua escrita, porque esta dispõe do ritmo e da melodia da língua falada. O ensino da pontuação, nos anos iniciais, tem se apresentado como uma tarefa difícil. Muitos professores parecem ainda apegados a um estilo oral de pontuar e, portanto, não percebem a pontuação enquanto recurso sintático na construção dos textos.



            A maioria dos sinais que conhecemos hoje apareceu entre os séculos XIV e XVII. O surgimento da imprensa foi o principal responsável pela evolução e popularização da pontuação. Com ela, as marcações deixaram de ser dirigidas a quem escreve e se voltaram a quem lê, destinando-se a facilitar a compreensão do texto. A impressão tipográfica também exigiu que houvesse uma padronização e simplificação dos sinais.
            Os sinais de pontuação foram criados e desenvolvidos na língua portuguesa para que pudessem dar sentido às frases, definir a entoação da leitura, destacar palavras, 3
expressões e orações, fazendo com que a frase, na qual estão inseridos, não seja ambígua.
A pontuação constitui parte integrante da fonologia, que é um ramo específico da Linguística e estuda a categorização de sons em línguas específicas e os aspectos relacionados com a percepção. Assim, os sinais de pontuação, desde o início tem a função de, ainda, dar o aspecto sonoro, no sentido de assinalar pausas e a inflexão da voz do leitor às frases (WEB ARTIGO, 2016)
            Na linguagem contemporânea, alguns autores fazem um uso não comum e não tradicional dos sinais de pontuação em seus textos, tanto no formato poético quanto no formato não poético, onde temos como exemplo o português José Saramago: Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, farás o que melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou, agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda exista uma alma, e se eles se perderam. (SARAMAGO, 1995, p. 75-76).


            Virgula – é empregada: "na separação de orações ou termos coordenados sem a utilização de conectivo (coordenação assindética); aposição explicativa ou circunstancial em geral; separação do vocativo; separação de adjunto adverbial anteposto; antecipação (topicalização) de um termo que será retomado por pronome; uso de palavras e locuções que expressam conexões discursivas em geral; elipse do verbo em estruturas de coordenação; separação de oração coordenada que não seja aditiva; acréscimo de oração justaposta para o registro de algum ato de fala; emprego de coordenações por processo correlativo em geral; separação de orações reduzidas que não sejam constituintes imediatos de um termo da oração principal";
            Ponto e Virgula – é empregado: "para separar partes coordenadas de um período quando pelo menos uma delas apresenta divisão interna indicada por vírgula; para separar orações coordenadas que tenham certa extensão em um período longo cujas partes constituem um todo significativo";
          Dois Pontos – "marcam uma suspensão do discurso a que se segue: a reprodução, como discurso direto, da fala de alguém; a especificação, comprovação ou detalhamento de uma informação; a transcrição de discurso alheio, como citação; uma informação ou comentário a título de conclusão ou justificativa";
            Ponto – "assinala normalmente o fim de uma sequência declarativa de sentido completo sob a forma de período sintático";
            Reticências – "assinalam interrupções e hesitações em geral";
          Travessão – tem os seguintes empregos: "indica a fala do personagem em discurso direto; indica o ato de fala do narrador; serve para delimitar um adendo, um comentário, uma ponderação que se intercala no discurso";
            Parênteses – é empregado: "na indicação de uma fonte bibliográfica; nas indicações cênicas; para esclarecer algo ou para informar o significado de alguma palavra ou expressão; empregam-se, ainda, como alternativa ao travessão, quando o enunciador insere no discurso um comentário, uma ressalva, uma ponderação";
            Aspas – "tem a função de delimitar: trechos que estejam sendo citados textualmente; a fala de algum personagem; expressões que o enunciador, embora incorporando-as ao seu discurso, queira caracterizar como de autoria alheia; expressão que o enunciador decida destacar por alguma outra razão discursiva";
            Ponto de Interrogação – "indica uma pausa com entonação ascendente para expressar uma interrogação direta";
           Ponto de Exclamação – "marca a entonação variável para um variado espectro de sentimentos – tristeza, surpresa, espanto, alegria, entusiasmo, súplica, decepção, dor, etc. – que só podem ser reconstituídos graças ao contexto" (BLOG DO ENEN, 2016).
 

            Entender os processos que sinalizam a forma correta de pontuar facilita o uso dos sinais bem como sua interpretação. O conhecimento das regras gramaticais sobre o uso dos sinais de pontuação é de suma importância, pois o ato de pontuar em si não foge às regras. Mas elas provêm do próprio ato de comunicação, ou seja, está na ligação entre o enunciador e o enunciatário. Portanto, vários sinais de pontuação não ficam presos somente às regras apresentadas nos compêndios gramaticais, pois ao produzir um texto, a maneira de pontuar está mais ligada à intenção que o autor pretende promover no seu interlocutor do que somente às funções gramaticais.
            A importância de uma pesquisa sobre o emprego dos sinais de pontuação é de suma importância, pois Apesar das mutações lingüísticas que acontecem através das gerações humanas e da literatura, deve-se compreender que a pontuação sempre será necessária ao processo de escrita.
 

BLOG DO ENEM. Sinais de Pontuação: Descubra para  que serve. Disponível em: < http://blogdoenem.com.br/gramatica-pontuacao/>. Acessado em 25 de Abr de 2016

PORTAL DO PROFESSOR. A importância da Pontuação:  Disponível em: < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000016803.PDF >. Acessado em 25 de Abr de 2016.

SARAMAGO, José.Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

WEB ARTIGO. A importância dos sinais de pontuação na influência da língua portuguesa. Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-dos-sinais-de-pontuacao-na-fluencia-da-lingua-portuguesa/103844/>. Acessado em 25 de Abr de 2016.

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