Em geral, ao lermos um texto, nem
nos passa pela cabeça que a escrita nem sempre foi assim. Ou seja, com todos
estes sinais, além das letras, até mesmo o espaçamento entre as palavras nem
sempre existiu, aos poucos foi introduzido. O que seria da nossa escrita sem os
sinais de pontuação? (PORTAL DO PROFESSOR, 2016).
A escrita é um sistema de
estruturação para o uso da língua falada, sempre contextualizado. No entanto, a
condição básica para o uso escrito da língua, que é a apropriação do sistema
alfabético envolve, da parte dos alunos ou escritores, aprendizados muito
específicos, independente do contexto de uso, relativos aos componentes do
sistema fonológico da língua e as inter- relações como a pontuação. Explicando
e exemplificando: o
sistema de pontuação na fala e na escrita permanece o mesmo independentemente
do gênero textual e da esfera social em que ele se apresenta numa piada ou num
processo jurídico o sistema de pontuação utiliza as mesmas regras.
Os sinais de pontuação são marcações
gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual, além de
ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. São recursos típicos da língua
escrita, porque esta dispõe do ritmo e da melodia da língua falada. O ensino da
pontuação, nos anos iniciais, tem se apresentado como uma tarefa difícil.
Muitos professores parecem ainda apegados a um estilo oral de pontuar e,
portanto, não percebem a pontuação enquanto recurso sintático na construção dos
textos.
A maioria dos sinais que conhecemos
hoje apareceu entre os séculos XIV e XVII. O surgimento da imprensa foi o
principal responsável pela evolução e popularização da pontuação. Com ela, as
marcações deixaram de ser dirigidas a quem escreve e se voltaram a quem lê,
destinando-se a facilitar a compreensão do texto. A impressão tipográfica
também exigiu que houvesse uma padronização e simplificação dos sinais.
Os sinais de pontuação foram criados
e desenvolvidos na língua portuguesa para que pudessem dar sentido às frases,
definir a entoação da leitura, destacar palavras, 3
expressões
e orações, fazendo com que a frase, na qual estão inseridos, não seja ambígua.
A
pontuação constitui parte integrante da fonologia, que é um ramo específico da
Linguística e estuda a categorização de sons em línguas específicas e os
aspectos relacionados com a percepção. Assim, os sinais de pontuação, desde o
início tem a função de, ainda, dar o aspecto sonoro, no sentido de assinalar
pausas e a inflexão da voz do leitor às frases (WEB ARTIGO, 2016)
Na linguagem contemporânea, alguns
autores fazem um uso não comum e não tradicional dos sinais de pontuação em
seus textos, tanto no formato poético quanto no formato não poético, onde temos
como exemplo o português José Saramago: Lutar foi sempre, mais ou menos, uma
forma de cegueira, Isto é diferente, farás o que melhor te parecer, mas não te
esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos, cegos sem
retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou,
agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu
sou obrigada a ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou,
Perdoa-me, meu querido, se tu soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar
para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar do corpo onde talvez ainda
exista uma alma, e se eles se perderam. (SARAMAGO, 1995, p. 75-76).
Virgula
– é empregada: "na separação de orações ou termos coordenados sem a
utilização de conectivo (coordenação assindética); aposição explicativa ou
circunstancial em geral; separação do vocativo; separação de adjunto adverbial
anteposto; antecipação (topicalização) de um termo que será retomado por
pronome; uso de palavras e locuções que expressam conexões discursivas em
geral; elipse do verbo em estruturas de coordenação; separação de oração
coordenada que não seja aditiva; acréscimo de oração justaposta para o registro
de algum ato de fala; emprego de coordenações por processo correlativo em
geral; separação de orações reduzidas que não sejam constituintes imediatos de
um termo da oração principal";
Ponto
e Virgula – é empregado: "para separar partes coordenadas de um
período quando pelo menos uma delas apresenta divisão interna indicada por
vírgula; para separar orações coordenadas que tenham certa extensão em um
período longo cujas partes constituem um todo significativo";
Dois
Pontos – "marcam uma suspensão do discurso a que se segue: a
reprodução, como discurso direto, da fala de alguém; a especificação,
comprovação ou detalhamento de uma informação; a transcrição de discurso
alheio, como citação; uma informação ou comentário a título de conclusão ou
justificativa";
Ponto
– "assinala normalmente o fim de uma sequência declarativa de sentido
completo sob a forma de período sintático";
Reticências
– "assinalam interrupções e hesitações em geral";
Travessão
– tem os seguintes empregos: "indica a fala do personagem em discurso
direto; indica o ato de fala do narrador; serve para delimitar um adendo, um
comentário, uma ponderação que se intercala no discurso";
Parênteses
– é empregado: "na indicação de uma fonte bibliográfica; nas indicações
cênicas; para esclarecer algo ou para informar o significado de alguma palavra
ou expressão; empregam-se, ainda, como alternativa ao travessão, quando o
enunciador insere no discurso um comentário, uma ressalva, uma
ponderação";
Aspas
– "tem a função de delimitar: trechos que estejam sendo citados
textualmente; a fala de algum personagem; expressões que o enunciador, embora
incorporando-as ao seu discurso, queira caracterizar como de autoria alheia;
expressão que o enunciador decida destacar por alguma outra razão
discursiva";
Ponto
de Interrogação – "indica uma pausa com entonação ascendente para
expressar uma interrogação direta";
Ponto
de Exclamação – "marca a entonação variável para um variado espectro
de sentimentos – tristeza, surpresa, espanto, alegria, entusiasmo, súplica,
decepção, dor, etc. – que só podem ser reconstituídos graças ao contexto"
(BLOG DO ENEN, 2016).
Entender os processos que sinalizam
a forma correta de pontuar facilita o uso dos sinais bem como sua
interpretação. O conhecimento das regras gramaticais sobre o uso dos sinais de
pontuação é de suma importância, pois o ato de pontuar em si não foge às
regras. Mas elas provêm do próprio ato de comunicação, ou seja, está na ligação
entre o enunciador e o enunciatário. Portanto, vários sinais de pontuação não
ficam presos somente às regras apresentadas nos compêndios gramaticais, pois ao
produzir um texto, a maneira de pontuar está mais ligada à intenção que o autor
pretende promover no seu interlocutor do que somente às funções gramaticais.
A importância de uma pesquisa sobre
o emprego dos sinais de pontuação é de suma importância, pois Apesar das
mutações lingüísticas que acontecem através das gerações humanas e da
literatura, deve-se compreender que a pontuação sempre será necessária ao
processo de escrita.
BLOG DO ENEM. Sinais de Pontuação: Descubra para que serve. Disponível em: < http://blogdoenem.com.br/gramatica-pontuacao/>.
Acessado em 25 de Abr de 2016
PORTAL DO
PROFESSOR. A importância da Pontuação: Disponível em: < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000016803.PDF
>. Acessado em 25 de Abr de 2016.
SARAMAGO, José.Ensaio sobre
a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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